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Finalmente tomou a decisão de recorrer à Hipnose ou tirar formação. Abre o Google para fazer uma pesquisa de recursos. De repente, repara em todos os anúncios... Hipnose Conversacional, Hipnose Terapêutica, Hipnose Condicionativa, etc. Surge a seguinte questão: Afinal, quantos tipos existem?

Uma grande parte da adesão a consultas ou formações, actualmente, é feita através de marketing e publicidade electrónica. Como será de esperar, a publicidade que for mais atractiva, será aquela que tem mais hipóteses de sucesso. Não só a marca é importante mas, também, o próprio nome e estilo de formação. E aí é que as coisas se tornam complexas, especialmente no campo da Hipnose, com a quantidade de ofertas que existem. Vou então oferecer alguma luz sobre o assunto.

Apesar de já o ter escrito anteriormente, considero sempre importante reforçar que Hipnose não é uma forma de terapia, mas sim uma ferramenta terapêutica! Por esse principio, cursos que se designam como "Hipnoterapia" devem ser tidos com algum cepticismo. Seja no contexto psicológico ou médico, Hipnose é sempre utilizada dentro de uma estrutura terapêutica prévia. A razão pela qual isto acontece é porque, ao contrário da Psicologia, Psicoterapia e Psiquiatria, as teorias de Hipnose não se extendem à formação da personalidade. 

As teorias da Hipnose podem ser agrupadas em dois grandes grupos: Teorias do Estado Teorias do Não Estado

Históricamente, as Teorias do Estado são as primeiras que surgem. Nestas teorias, Hipnose e vista como um estado alterado de consciência, atingido pelo sujeito por intermédio do "transe". Desta forma, poderemos considerar "transe" como um veiculo de transporte, entre o estado normal e o estado alterado de consciência. Assim, o sujeito terá sempre passar pelo estado de "transe" e sem o "transe" não existe Hipnose. O conceito de dissociação é incentivado, sendo que se está e não se está, somos e não somos, estamos na realidade e simultaneamente noutra realidade diferente. A grande defensora destas teorias é a Escola de Paris representada, por exemplo, por Jean-Martin Charcot.

Por oposição, surgem as Teorias de Não Estado. Como o nome indica, estas teorias não contemplam a alteração do estado de consciência e, por conseguinte, a existência de um estado de "transe". Para estes investigadores, Hipnose é conseguida através do poder da sugestão, resposta às expectativas de Hipnose e do terapeuta e resposta a figuras de autoridade. Também encontramos a noção de sugestionabilidade hipnóticaprofundidade hipnótica. Sugestionabilidade hipnótica é a capacidade de resposta a sugestões, durante o processo de Hipnose. Assim, cada sujeito responde de forma e intensidade diferentes, fazendo com que uns atinjam uma maior profundidade do processo de Hipnose, do que outros. A grande defensora destas teorias é a Escola de Nancy representada, por exemplo, por Hippolyte Bernheim.

Então, quantos tipos realmente existem? Actualmente, podemos encontrar dumas formas de fazer Hipnose. Temos Hipnose Clássica, um tipo de Hipnose que assenta nas teorias de não estado. É caracterizada por um tipo de Hipnose com sugestões directas (ex.: Feche os seus olhos), altamente estruturada e parte do principio que as sugestões funcionam para todas as pessoas. Por outro lado, temos Hipnose Ericksoniana. Este estilo de Hipnose tem como base as perspectivas de Milton H. Erickson, face à Hipnose e Terapia. É caracterizado por ser um estilo que recorre a histórias, metáforas e sugestões indirectas (ex.: Pergunto-me permite que os seus olhos se fechem agora ou dentro de um minuto), insere-se em qualquer estilo de terapia e parte do principio que cada sujeito é único e particular, logo a intervenção com Hipnose e Terapia devem ser adaptadas a cada um. É importante referir que a Hipnose Ericksoniana recorre ao "transe", no sentido em que Erickson definia o que chamou de "transe do dia-a-dia". Ou seja, os Ericksonianos acreditam que os fenómenos hipnóticos ocorrem todos os dias, sem que as pessoas se apercebam e o que o objectivo do terapeuta é utilizar esses fenómenos, de modo a poder ajudar a pessoa. Desta forma, a noção de profundidade acaba por não ser relevante, para os Ericksonianos.

Neste ponto, vemos então os dois estilos utilizados. Em que contextos é que podemos então encontrar Hipnose? Em primeiro lugar, podemos encontrar Hipnose Médica. Neste contexto, Hipnose é aplicada maioritariamente por médicos, em patologias médicas onde Hipnose é bem sucedida. O melhor exemplo que se pode dar será na dor e dor crónica. Hipnose Clínica é aquela encontrada em contexto de Psicoterapia, onde Hipnose é usada, em conjunto com modelos psicoterpêuticos, de modo a aumentar a eficácia das intervenções. Um melhor exemplo será na intervenção nas Perturbações de Ansiedade ou Depressão. 

Existem ainda outras menções que devo fazer. Em Portugal, não existe muito mas, países como os Estados Unidos, Reino Unido ou Brasil, utilizam Hipnose como uma forma de entretenimento, também conhecido como Hipnose de Palco. Como o nome indica, a finalidade é o entretenimento e não qualquer intervenção clinica. Contrariamente ao que muitos artistas querem fazer crer, Hipnose de Palco não ajuda a desmistificar a técnica, ainda faz com que os mitos de controlo mental e Hipnose como algo mágico ainda se propaguem. Algo que também se pode encontrar é a dita Hipnose Conversacional. Os especialistas dizem que este tipo de Hipnose permite que a pessoa, em conversa natural, consiga hipnotizar alguém, gerindo as respostas que deseja. Sobre isto, devo dizer que a maior parte das técnicas de Hipnose implicam uma relação de conversação, já que dar sugestões a alguém implica linguagem. Também é importante referir que hipnotizar um sujeito, em conversa, sem recorrer a induções, é Hipnose Ericksoniana, o que faz com que o estilo Ericksoniano também seja conhecido como um estilo naturalista. A maior parte da aplicação de sugestões e linguagem hipnótica, em contexto de conversa, é vista no mundo dos negócios e vendas, muitas vezes associados a programas de treino de PNL.

Espero que este texto tenha sido uma ajuda para tentar orientar-se pelas ofertas de mercado e profissionais credenciados na aplicação e treino de Hipnose. 

20/07/2017

Pedro Rodrigues Ribeiro


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