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Ouvir o termo Recursos Humanos não é algo novo. Contudo, a posição que os Recursos Humanos ocupam, numa determinada empresa, parece ainda estar aquém das suas reais possibilidades. Poderão os Recursos Humanos contribuir para o desenvolvimento de um futuro empresarial?

Uma organização é um "animal" social totalmente distinto. Possui os seus próprios objectivos, a sua própria cultura, as suas próprias infraestruturas e a sua própria inteligência organizacional. Qualquer empresário, director ou CEO, como actualmente se designam, poderá dizer o quão difícil é gerir uma empresa. Ainda mais quanto maior for a dimensão da empresa. Já para não falar em grupos empresariais. 

Nessa óptica, os Recursos Humanos têm a potencialidade para assumirem um papel muito importante. Como o nome indica, os RH são uma parte orgânica da organização que possui o objectivo de gerir, cuidar e potenciar todos os trabalhadores que a empresa possui. No caso de grupos organizacionais, esse número tende a subir já que, em muitos casos, os RH situam-se na sede e têm de coordenar com todas as restantes delegações, muitas internacionais.

Todavia, os RH são uma mais valia que nem todas as empresas conseguem ter. Empresas de pequenas e até médias dimensões não possuem estrutura, técnicos especializados e financiamento para poderem construir um departamento de RH. Nesse caso, só existem duas alternativas. A primeira passa por uma distribuição acrescida de tarefas, pelos trabalhadores da empresa, de modo a haver a compensação. A segunda passa pela contratação de serviços de consultoria, empresas externas que oferecem serviços que, em circunstâncias normais, poderiam ser desempenhados pelos RH. 

Mas então, serão os RH um luxo? Na verdade, não. Se realizássemos estudos para perceber o sucesso de grandes ou antigos grupos organizacionais, estou certo que os resultados não seriam os mesmos, se não houvesse RH por detrás. Obviamente que as direções e os CEOs detêm a última palavra na tomada de decisão e implementação de medidas. Todavia, parte dos RH oferecer várias possibilidades de decisões e, quando tomada, ajudar a implementar as medidas necessárias, para o sucesso de organização. 

Para um empresário, Psicólogo Organizacional, estudante de GRH (Gestão de Recursos Humanos) ou mesmo um interessado pelo funcionamento, pode ser claro o papel dos RH. Mas, para a maioria, os RH ainda são algo misterioso ou dedicam-se apenas a uma função. Mais à frente, veremos melhor isso.

A verdade é que os RH embarcam uma série de funções. Geralmente, os RH são constituídos por técnicos de GRH, Psicólogos, Coaches e mais alguns técnicos especializados que, em conjunto, conseguem dar resposta a vários pedidos. É da competência dos RH realizar a gestão de todos os trabalhadores da organização, assegurar o seu bem-estar mas também a sua produtividade. Existem formas para assegurar isso:

Qualidade dos Factores Humanos - A área dos Factores Humanos dedica-se ao estudo de todas as condições que podem assegurar o bem-estar e, ao mesmo tempo, a produtividade dos trabalhadores. Isso passa pelas condições físicas de trabalho, os materiais utilizados ou assegurar planos de saúde ou tempo de descanso, especialmente em trabalhos por turnos;

Recrutamento - Recrutamento é o processo pela qual são captados trabalhadores, de modo a ocuparem um cargo. Existem duas dinâmicas de Recrutamento: Interno, onde são captadas pessoas que trabalham dentro da organização e que possuem a possibilidade de passarem para um novo cargo; Externo, onde são captadas pessoas fora da organização. Apesar da literatura sugerir que o recrutamento interno é aquele que apresenta melhores resultados, o recrutamento externo continua a ser das práticas mais utilizadas, geralmente através de um anúncio lançado em locais especializados, como sites de emprego, ou em locais que atinjam o maior número de pessoas;

Selecção - Geralmente associado como o passo seguinte do Recrutamento, o processo de Selecção tem como objectivo reduzir o número de candidatos que foram captados no Recrutamento, até se chegar ao que se espera como o candidato mais apropriado, para o posto de trabalho pretendido. Por norma, este processo deverá ser realizado por técnicos especializados pois implica a utilização de baterias de testes psicológicos, utilizados para apurar características como personalidade, aptidões, interesses, capacidades cognitivas, capacidades emocionais, capacidade de trabalho em grupo, capacidades de liderança ou tolerância à frustração. Embora entrevistas possam ser realizados técnicos devidamente treinados, apenas Psicólogos com formação adequada poderão fazer uso de baterias de provas psicológicas;

Gestão de Carreira - Cabe aos RH assegurarem a orientação do processo de carreira dos seus trabalhadores, quer se trate de progressão, em termos de posto e responsabilidades ou mesmo a recolocação em novos postos de trabalho, mais adequados para as suas competências técnicas e sociais. Sobre isto, também é da responsabilidade dos RH assegurar a transição para uma nova parte da vida do trabalhador, no caso deste ser despedido ou atingir a possibilidade de reforma. Claro que nem sempre vemos isso acontecer;

Planos de Integração e Treino - São os RH que têm a função de construir e implementar planos de integração para novos trabalhadores, na estrutura orgânica da organização. Geralmente, são períodos de acolhimento, onde os novos trabalhadores assumem posições de estagiários ou "trainees", como agora são chamados. É lhes dada a conhecer toda a história e funcionamento da organização, ao mesmo tempo que são acompanhados, por trabalhadores mais experientes, nas suas novas funções;

Programas de Liderança e Team Building - De uma forma regular, os RH organizam actividades de promoção de competências de liderança, especialmente para gestores e CEOs, assim como fins-de-semana (geralmente) corporativos, onde o objectivo é a realização de jogos que promovam a coesão entre os membros da empresa, de modo a aumentar a sua identificação da organização como uma família e a sua produtividade;

Avaliação de Desempenho - São os RH que, por metodologias especializadas, têm como função a avaliação periódica do desempenho dos trabalhadores da organização. Esses resultados são então apreciados pela direcção da organização. Apesar de ser feito de várias formas, aquele que parece ser mais utilizada neste momento é a chamada Avaliação 360º. Nesta metodologia, o trabalhador é avaliado não só pela chefia, mas também pelos seus colegas. Tudo isto é feito de forma anónima, de modo a preservar a privacidade do trabalhador, ao mesmo tempo não o colocando em conflito directo com os seus colegas. 

Devem estar a pensar que falta aqui uma função. Se o fizeram, têm toda a razão. O motivo pelo qual eu separo a próxima função da restante é porque esta parece ser aquela a que as empresas mais pressionam os RH a fazerem, fazendo com o restante tenha menos intensidade. Estou a falar do Processamento de Salários. À primeira vista, parece ser algo que seria apenas do âmbito da Contabilidade, pela questão salarial. Todavia, são os RH que não só emitem os recibos salariais mas, também, são os responsáveis pela marcação do período de férias que um trabalhador tem direito, pelo Código Laboral.

As novas perceptivas sobre os RH reforçam a importância desta parte orgânica das organizações, pelos motivos indicados e mais ainda. Em última análise, o futuro ainda não chegou para que todas as empresas de todos os sectores possam substituir os seus trabalhadores por sistemas informatizados. As pessoas ainda são necessárias e são o coração das organizações. Se elas não se sentirem capazes de produzir e atingir objectivos, as empresas não sobrevivem. Daí que se comece a passar de Gestão de Recursos Humanos para Gestão de Capital Humano. 

29/07/2017

Pedro Ribeiro

 


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