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Imagine uma pessoa jovem em baixo, devido às vicissitudes da vida. Passa um, dois, três meses e parece que não há melhorias. Algumas pessoas que a rodeiam dizem que é apenas uma fase..."Vais conseguir ultrapassar isso". Ou ainda "Deixa-te lá disso, vá!". O tempo vai passando e a pessoa pensa em pedir ajuda. Mas se comenta com alguém, ainda pode levar com a frase: "Vais a um psicólogo? Mas tu estás maluca!?". Este ainda é o estigma da saúde mental, em pleno século XXI

Durante anos, a Saúde Mental foi sendo vista como uma consequência de questões físicas. Tudo teria uma explicação orgânica e causa física. A parte da mente seria apenas uma consequência desse trauma. Como resultado, a prescrição farmacológica seria a solução indicada. Se o diagnóstico fosse correcto, a pessoa poderia melhorar. No entanto, se o diagnóstico fosse dúbio, a solução seria saltar de fármaco para fármaco. 

Mesmo a Psiquiatria, a especialidade médica que está mais ligada à Saúde Mental, surgiu assente no modelo biológico. Neste modelo, a principal intervenção é a farmacológica. Apenas mais tarde, o surgimento e popularidade da Psicanálise fez com que a Psiquiatria integrasse este modelo. E, se é um facto que muitos psiquiatras tornaram-se psicanalistas, a escolha pela análise seria muito selecta, quase sempre em quadros neuróticos, histéricos e falhas narcisicas. 

Com o surgir da Psicologia, a Psiquiatria veio incorporar o modelo biopsicossocial. Segundo este modelo, a origem da doença mental estaria envolta de factores biológicos, psicológicos e sociais, que explicam o surgimento ou agravar dos sintomas. Apesar desta evolução, adivinhe-se qual é a principal solução? É isso mesmo, medicação!

Com o avanço da Psiquiatria, surge a necessidade de criar uma hierarquia de perturbações. Chamar-se-ia Manual Diagnóstico e Estatístico de Perturbações Mentais. Criado pela Associação Psiquiátrica Americana, o DSM seria a "Bíblia" do que respeita a dar nome a uma determinada condição que perturba o funcionamento psicológico da pessoa, interferindo severamente com a vida social, familiar e profissional. Actualmente, o DSM vai na sua quinta edição, sem sinais de abrandamento. Claro que o DSM não é o único manual de diagnósticos existente mas é, sem dúvida, o mais utilizado. A partir de um dado momento, passamos de uma hipótese de Perturbação Mental para todo um conjunto de Perturbações. 

Seria de esperar que a Psicologia tivesse uma palavra diferente a dizer. Na sua ânsia de reconhecimento e aceitação como Ciência, a Psicologia aproximou-se à Psiquiatria. Psicólogos começaram a usar o modelo médico, sem a parte da prescrição farmacológica. E, como único profissional acreditado para avaliar psicologicamente o ser humano, o Psicólogo começou a usar manuais como o DSM, dando "rótulos" ao sofrimento humano. Não me interpretem mal, é importante saber-se com que o se está a lidar. Mas o foco deveria ser a intervenção e não a categorização da condição humana!

E então a pessoa que não se encontra numa determinada categoria? Não precisará de ajuda? Claro que sim!

Todos nós temos pensamentos, emoções e uma interioridade que nos acompanha e que nem sempre está na sua condição mais saudável. Ao mesmo tempo, o mundo exterior também nos afecta, seja na interação com amigos, familiares, colegas de trabalho, chefes e parceiros de relações amorosas. Nem sempre conseguimos estar o mais equilibrados possíveis.

Por mais que tentemos lutar e tentar seguir em frente, nem sempre conseguimos sozinhos. Nesta situação, devemos pedir ajuda, sem pensar que é uma vergonha. Porque todos nós precisamos de ajuda, em qualquer altura da nossa vida!

O papel do Psicólogo é acompanhar e guiar a pessoa, com o objectivo de mudar o que não está bem. Através do estabelecimento de uma relação especifica, o Psicólogo oferece o seu conhecimento técnico e postura humana, ao serviço da melhoria da condição humana e de bem-estar psicológico. O Psicólogo não se resume a avaliar, diagnosticar e rotular!

O Psicólogo não é o "Médico dos Malucos"! Nem sequer é médico, é um Técnico Superior de Saúde Mental, sem o poder para prescrever fármacos. Em casos de grande severidade, o Psicólogo deve trabalhar com quem possa prescrever, sendo que a intervenção do Psicólogo é sempre com o poder da palavra. E a palavra, quando bem aplicada, tem imenso poder!

Num mercado de tanta oferta de "ajuda", há que ter cuidado com as escolhas que possamos fazer. Investigue, pergunte, tire referências.

O Psicólogo é um profissional certificado, regulado por uma Ordem Profissional, que deve respeitar um código de conduta próprio. É um profissional devidamente treinado na avaliação do comportamento humano e no funcionamento psicológico do ser humano. Somos profissionais de ajuda!

Termino tal como comecei... Não tenha receio de pedir ajuda, é a sua saúde que se encontra em jogo!


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