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Uma pessoa entra no seu espaço. A sua história, tal como muitas, é de contrariedades e sofrimento. As opções não são muitas e o caminho parece toldado. A pessoa que lhe chega deseja uma mudança. Há medida que o processo avança, parece que existe uma evolução. Um sinal de esperança num caminho cheio de obstáculos. Num movimento mais rápido que o pensamento, a pessoa recua. A mudança parece então tornar-se tão distante. A pergunta coloca-se... O que poderá ter acontecido? O que poderá ter feito com que a pessoa recuasse, no seu processo?

Para muitas pessoas, a procura por um profissional de saúde representa uma tentativa para trazer um novo sentido e significado a um conjunto de circunstâncias que possam estar a causar dor ou, até mesmo, sofrimento. 

Esta tomada de decisão não é algo fácil. Mesmo com as noticias e publicidades de serviços de apoio e Psicoterapia, estas práticas ainda são envolvidas de algum cepticismo, especialmente determinadas técnicas como Hipnose. Assim, é extremamente importante que o profissional reconheça o esforço de tomada de decisão que a pessoa conseguiu fazer. 

Estudos indicam que duas pessoas diferentes, com a mesma problemática, podem encontrar-se em Estádios diferentes do Processo de Mudança. Algumas pessoas percebem que necessitam de mudar, mas não sabem como. Outras assumem que a responsabilidade de mudança é do mundo. Outras, ainda, assumem que a mudança precisa de estar no outro e não em si mesmo. Em termos clínicos, todos estes Estádios implicam do terapeuta movimentos específicos a realizar, de modo a solidificar a relação terapêutica, aumentar a adesão ao processo e trabalhar a motivação para a mudança.

Todavia, quando a pessoa chega ao ponto de dar o passo para a mudança, parece que parte de si começa a sabotar o processo. Uma parte que se mantém estagnada e presa à percepção de segurança que antigos comportamentos e hábitos dão à pessoa. Uma parte que assume que os comportamentos antigos possuem benefícios e aspectos satisfatórios.

Esta noção parece algo estranha mas fazendo sentido, à luz da Terapia Gestalt. Vinda de uma perspectiva existencial-humanista, esta forma terapeuta tem como fundação a noção de Gestalt, o todo como a soma das partes. Assim, face a uma determinada situação ou relação, o indivíduo pode olhar para o "objecto" e apenas apreender uma parte, podendo clivar ou censurar o resto. A partir desse momento, pode criar-se um diálogo interno entre a pessoa e essa parte percepcionada.

Por exemplo, uma pessoa que cresceu sentindo-se abandonada, insegura ou desvalorizada, quando atinge a idade adulta pode trazer consigo uma parte sua, uma espécie de "criança interior". Essa sua parte vai entender ser protectora ou castradora numa situação em que haja alguma percepção de perigo ou de mudança.

Terapeutas Gestalt podem realizar esse trabalho de partes, solicitando que a pessoa possa colocá-la numa cadeira vazia, seguindo-se um diálogo com o intuito de integrar ambas as partes.

Utilizando Hipnose, o terapeuta também pode trabalhar essas partes, dissociando a pessoa entre a sua parte adulta e a parte mais castradora, podendo pô-las a falar, com a intenção de integrar as partes ou até mesmo, se for essa a vontade da pessoa, poder fazer com que uma parte assuma a supremacia face a outra.

Torna-se importante para o terapeuta e para a pessoa perceberem quando essas "partes" surgem, qual a sua função e de que forma a relação pode ser reparadora. Ignorar esta existência é dar força a algo mal-adaptativo que perdura e pode minar as possibilidades da pessoa mudar aspectos da sua vida.

Com todas as ameaças que este Mundo nos traz, pode ser interessante e assustador, ao mesmo tempo, pensarmos que as principais ameaças podem surgir dentro de nós mesmos


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