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Num mundo cheio de Auto-Ajuda, Curas Definitivas, Gurus cheios de Sabedoria, alguma vez ponderou que a única coisa que faz sentido é você ser o(a) determinante de si próprio(a)? Em vez de servir outro Mestre, que tal você ser o Mestre de Si Próprio?

Todas as semanas tenho por hábito ver as novidades da literatura cientifica, que me possa ser útil e que goste (está claro!).

Por uma questão de comodidade, entro sempre na FNAC todos os fins-de-semana. Antes de continuar, devo confessar que tenho bastantes livros! De tal forma que acaba por ser raro encontrar algo que não tenha ou que me seja útil. Uns dias saio de mãos cheias, outras mãos vazias. Uma coisa permanece sempre a mesma: a maior parte dos "tops" estão preenchidos por livros de auto-ajuda.

A maior parte desses livros têm títulos rebuscados, seja pelo uso de palavrões, promessas de curas milagrosos, soluções imediatas ou apelo a crenças espirituais. E é claro que vendem. Oh, se vendem!

Nem todos os livros são maus. Alguns são escritos por profissionais credíveis, numa linguagem mais acessível para que chegue a mais pessoas. Outros até nem são de auto-ajuda, são apenas colocados nessa parte porque o tema é visto como auto-ajuda (como Mindfulness... nem sei porquê!) ou porque a editora edita vários livros de auto-ajuda.

A base é clara… Todas estas pessoas transcenderam os seus limites, alcançaram mais valias e passam a mensagem que se seguir os mesmos passos que eles, conseguirá atingir tudo o que quiser!!!

Assim, estas pessoas passam de "meros mortais" e passam para Mestres. Poços de sabedoria a seguir e aos quais atribuímos os frutos de sucesso, quando este chega. 

Não é apenas no mundo da literacia de auto-ajuda que tal acontece. Acredite ou não, no mundo da Psicoterapia também acontece, especialmente por parte de estudantes ou profissionais em inicio de carreira. 

Vou contar uma pequena história… Desde que escolhi entrar no mundo da Psicologia, o meu primeiro desejo foi sempre o ser Psicoterapeuta. Hipnose surgiu de paraquedas, mas isso é outra história! Entrei para o ISPA, com a sua base psicanalitica. Embora consiga perceber as mais valias da teoria psicanalítica, a sensação que os modelos tradicionais não eram os adaptados para muitos contextos profissionais começou a crescer em mim.

Não sei se é a minha forma de dar sentido ou talvez a influência que o meu próprio processo terapêutico teve em mim. A minha mente e interesse girava para a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e muitos dos seus modelos. Claro que conseguia ver os seus defeitos, como ainda hoje os vejo! Agradeço a minha parte psicanalitica por isso. Não obstante, tomei a decisão de entrar para a Associação Portuguesa de Terapias Comportamentais e Cognitivas. 

O ISPA abriu-me as portas para o mundo da Psicologia. A APTCC ensinou-me a ser um melhor Terapeuta. Ao longos destes anos (sim, são anos!), bebi influências de académicos e profissionais que me inspiraram e motivaram a querer descobrir mais do mundo da Psicoterapia.

Se para mim a disputa entre escolas e modelos de Psicoterapia não faziam sentido nesta era em que vivemos, mais convencido fiquei com o ambiente integrativo que se vive na APTCC. Esse ambiente reside pelo enorme contributo que o Prof. Dr. António Branco Vasco tem dado, tanto à APTCC como à Psicoterapia em geral. Foi a sua grande conquista que fez com que se desse a mudança de nome da Associação, espelhando também a parte integrativa no nome. 

E foi aí que comecei a reparar que a influência, ensinamentos e sabedoria do Prof. Branco Vasco fez com que muitos colegas meus começassem a querer agir como ele, a tentar fazer Psicoterapia como ele faz. Eu sei que somos seres que aprendemos por modelagem e que a imitação é um primeiro passo.

Porém, isto esbarra com uma característica minha de gostar de me sentir confortável nos meus sapatos. Também ajuda eu acreditar que os meus pacientes são únicos, diferentes dos pacientes do Prof. Branco Vasco e dos meus colegas. Isso implica uma abordagem e flexibilidade diferentes, pela minha parte.

Nesse sentido, o que eu costumo fazer é observar, aprender, assimilar o que aprendi e acomodar aquilo que já sei. O resulto? A minha própria maneira de fazer Psicoterapia, aquela com que me sinto confortável.

Reconhecer a influência que os contextos, as pessoas e as experiências têm em nós dá-nos humildade e perspetiva do nosso lugar no mundo. Dá-nos respeito e admiração dos nossos pares e pelos nossos pares também. Oferece-nos uma sensação de união e pertença, sabendo que temos algo com que pudemos contribuir.

Olhar para uma influência, chamá-la de Mestre como se estivéssemos em constante veneração é prova de uma falta de crescimento e uma possível hipocrisia. E porque digo hipocrisia? Porque se está a massajar o Ego para proveito próprio. Algo que acontece muito no meu mundo!

Quer ser mais saudável? Aqui ficam algumas sugestões:

Conheça-se a si próprio! É sem dúvida algo assustador, com partes que temos dificuldade em lidar. O auto-conhecimento faz com que possamos perceber os nossos pontos fortes e pontos a melhorar, podendo assim crescer e evoluir.

Em caso de dificuldade, não tenha medo de pedir ajuda! Ninguém tem as respostas para todos os problemas, apenas recursos para encontrar soluções. Chegando a um ponto que não consegue ultrapassar, peça ajuda. Psicólogos estão aqui para isso mesmo.

Invista em si! Encare a Psicoterapia como um investimento para si próprio, para poder fazer crescer as várias áreas da sua vida. Se o fizer, vai investir muito mais no processo, estando muito mais motivado.

Fuja da dependência! A meu ver, uns dos principais papéis da Psicoterapia é a autonomia. O desejo do Psicoterapeuta é ver o seu paciente melhorar e levar consigo as ferramentas necessárias para continuar a crescer autonomamente. Se o técnico o estiver a prender sem motivo, está a aproveitar-se de si.

Até os Mestres falham! Se os Deuses não eram perfeitos, os Mestres certamente não o serão. Todas as pessoas falham e todas as pessoas têm pontos a melhorar. Foque-se em si e nas lições que pode aprender com os outros e com a vida. 


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