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Neste conjunto de textos, é o meu objetivo expor os principais modelos de Psicoterapia de modo a que possa conhecer melhor que tipo de ajuda poderá ser melhor para si. Queria apenas deixar claro que não é a minha intenção tornar estes textos muitos sofisticados com termos técnicos complexos. A ideia é dar um contexto histórico, as suas principais características e evoluções. Comecemos pela Psicanálise.

A Psicoterapia é uma especialidade avançada da Saúde Mental, podendo ser praticada por Psiquiatras e Psicólogos. Fazendo uso de modelos teóricos, o Psicoterapeuta utiliza linguagem verbal e não verbal, princípios de mudança, relação e aliança terapêutica, técnicas especificas e mais. O propósito da Psicoterapia é ajudar o paciente a que possa olhar para si, a sua vida e o mundo de modo diferente, caminhando para o bem-estar psicológico e físico. 

Psicoterapia nem sempre foi estruturada pela forma que a conhecemos atualmente. Durante anos, Médicos e Psiquiatra (principalmente, até a Psicologia começar a explorar o método cientifico) usaram o conhecimento das suas eras, para promover a saúde. No entanto, com a falta de conhecimento sobre o funcionamento da mente humana e do seu comportamento, muitas das perturbações hoje conhecidas e intervencionáveis faziam com que pessoas fossem internadas em Asilos, para que as pessoas ditas "normais" fossem protegidas de comportamentos alucinados e violentos.

Prevalecendo o Modelo Médico e Biológico das patologias, esta ideia foi começando a ser desafiada por um jovem médico chamado Sigmund Freud. 

Médico neurologista de formação, Freud começou a pensar que numa explicação alternativa para algumas patologias que não conseguiam ser explicadas. Para Freud, por detrás da representação do sintoma físico, deveria existir uma influência psíquica. Dado que a origem seria desconhecida pelo paciente, Freud foi o primeiro a utilizar o termo Inconsciente.

A forma de pensar de Freud e o seu interesse pela utilização de Hipnose não o tornou muito popular, junto da comunidade médica. De facto, durante anos, Freud era considerado louco pela divulgação da sua visão. Todos exceto Josef Breuer.

Médico de grande reputação no campo da neurofisiologia, tal como Freud, Breuer fazia de Hipnose a sua prática comum com o objetivo de chegar até ao Método Catártico. Este termo vem do grego Catarse, significando uma enorme libertação emocional de elementos traumáticos. Este método estivera a ser desenvolvido por Breuer graças ao seu trabalho com uma mulher conhecida por "Anna O.".

Apesar dos seus melhores esforços, Breuer tinha chegado a várias dificuldades na sua intervenção. Nesse ponto, Breuer achava que as ideias de Freud poderiam ser de grande utilidade para o avanço da sua intervenção. As noções de Freud acabaram por dar avanços no caso de "Anna", apesar de muita controvérsia associada. 

Durante a sua intervenção, Freud decidiu abandonar o uso da Hipnose, em função de técnicas desenvolvidas para explorar ainda mais o Inconsciente. Destaca-se a Associação Livre de Ideias e a Interpretação dos Sonhos. A teoria do desenvolvimento de Freud era focada na sexualidade precoce, onde a má gestão da pulsão sexual (Líbido) iria provocar Neuroses e Histeria.

A sua persistência na sexualidade infantil fez com que Breuer se afastasse, assim como lançada uma nova onda de descontentamento da comunidade médica.

Apesar disso, Freud desenvolveu um número de seguidores das suas ideias, permitindo um desenvolvimento da sua forma de pensar. Freud introduziu a ideia de Mecanismos de Defesa, uma forma da mente conseguir lidar com a violência da realidade. Este conceito seria ainda mais desenvolvido pela sua filha Anna Freud, no trabalho pioneiro com crianças.

Em muitos casos, Freud estava disposto a defender a sua visão ao ponto de atrair seguidores, mas também criar grandes conflitos. O seu mais famoso desentendimento ocorreu com Carl Gustav Jung, também ele uma figura crucial no desenvolvimento da Psicanálise. 

Em muitos sentidos, a Psicanálise introduziu um conjunto de procedimentos que ainda mantêm na prática atual de Psicoterapia, até mesmo noutros modelos. A questão da relação e aliança terapêutica, noção de transferência e contra transferência, mecanismos de defesa, privacidade e confidencialidade podem ser vistos de uma forma transversal, com mais ou menos modificações. 

O divã resiste desde o período da utilização de Hipnose, onde a pessoa se mantinha numa posição mais confortável possível. Com o passar do tempo, o analista posicionou-se por detrás do divã com o intuito de manter as associações do paciente o mais livre da influência do analista possíveis. Embora analistas e Psicoterapeutas atuais passem para cadeiras, ainda há quem valorize as vantagens de continuar a usar o divã.

Cada sessão pode demorar mais de uma hora, sendo que o paciente retorna a análise vários dias, por semana. Isso faz com que o processo possa ser bastante dispendioso, em termos económicos. Nas sessões, o grande objetivo da Psicanálise é promover a consciência do material inconsciente, algo a que se chama "insight". Na maior parte das vezes, estes "insights" partem do material proveniente das relações objetais do paciente (relações pai-mãe) decorrentes da infância e adolescência, com influência direta nas queixas atuais. A outra origem pode ser na repressão de material traumática, trazido à consciência pelo Método Catártico. 

A postura do analista é menos diretiva, permitindo ao paciente expor as suas associações. Devido ao material emergente, da origem das relações e da exploração de momentos passados, Psicanálise é um processo de longo curso, não sendo claro quando todos os "insights" podem finalizar o processo. 

Ao longo dos anos, outros métodos foram desenvolvidos a partir deste método. Alguns exemplos podem ser Grupanálise (em grupo), Psicodrama, Psicoterapias Breves, Psicoterapia Psicanalítica, Psicoterapia de Inspiração Dinâmica, Psicoterapia Interpessoal (modelo de inspiração dinâmica para a intervenção na Depressão) e Terapia Cognitivo-Analítica (modelo integrativo com Terapia Cognitiva).