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Neste conjunto de textos, é o meu objetivo expor os principais modelos de Psicoterapia de modo a que possa conhecer melhor que tipo de ajuda poderá ser melhor para si. Queria apenas deixar claro que não é a minha intenção tornar estes textos muito sofisticados com termos técnicos complexos. A ideia é dar um contexto histórico, as suas principais características e evoluções. Neste texto, vamos falar sobre a Terapia Cognitiva.

Um dos períodos históricos que trouxe mais ímpeto para o desenvolvimento laboral e tecnológico foi também um dos períodos mais negros da história.

A Segunda Guerra Mundial obrigou os países europeus e mundiais a criarem novas tecnologias de manufaturação de equipamentos e linhas de montagem mais sofisticadas. Ao mesmo tempo, o avanço da Ciência tendeu a acompanhar as necessidades da altura, sendo essas necessidades bélicas, químicas ou farmacológicas.

As consequências desses avanços levaram a uma nova revolução, uma Revolução Cognitiva. Esta revolução deu origem à criação de computadores e um novo olhar para o processamento de informação. A ciência psicológica acompanhou os avanços desta revolução, começando a valorizar o campo das cognições ou pensamentos.

A Revolução Cognitiva, em Psicologia, teve a influência de dois homens que, mais tarde, foram considerados dos psicólogos e psicoterapeutas mais influentes da História: Albert Ellis e Aaron Beck. Embora as ideias sejam semelhantes, Ellis e Beck só se iriam encontrar no apogeu das suas carreiras e dos seus modelos psicoterapêuticos. Ellis acabaria por falecer em 2007, enquanto Beck ainda se encontra vivo.

Albert Ellis foi um Psicólogo que, tal como muitos dos seus colegas, começou a sua formação com Psicanálise. Ellis acreditava na profundidade da Psicanálise e nas ideias de Sigmund Freud. Após o seu doutoramento, Ellis começou a exercer à medida que procurou mais formação, com um analista Jungiano (entende-se por analista Jungiano um psicanalista que segue as ideias e as teorias de Carl Gustav Jung). No entanto, à medida que Ellis exercia e ensinava Psicologia e Psicanálise, este começou a ficar cada vez mais desiludido com o seu caminho.

Inspirado por psicanalistas contemporâneos, a persuasão racional de Paul Dubois, a visão filosófica do estoicismo e o campo da semântica, Ellis começou a desenvolver a sua teoria racional, que seria conhecida por Terapia Racional Emotiva (RET). Segundo este modelo, a realidade psicológica da pessoa é influenciada pela forma como processamos a informação através dos nossos sentidos. Mais tarde, o modelo foi renomeado como Terapia Racional Emotiva Comportamental (REBT).

O percurso de Beck tem algumas semelhanças. Beck formou-se, com louvor, em Medicina pela Universidade de Brown. Com uma especialização em Neurologia, Beck viu-se inserido em num grupo de médicos residentes com formação em Psicanálise. 

Embora com alguma reticência, Beck terminou a sua formação em Psicanálise, na Universidade de Pensilvânia, tornando-se membro da Associação Psiquiátrica Americana. Ao mesmo tempo que exercia como Psicanalista, Beck começou a fazer parte do departamento de Psiquiatria. 

Em comunicações pessoais, Beck descreve o momento em que começou a ser mais influenciado pela Psicologia Cognitiva e o trabalho de Jean Piaget. A intenção de Beck passava por validar, experimentalmente, as ideias sobre Depressão de Freud. Contudo, os seus resultados levaram a considerar a forma como as pessoas mediam a sua satisfação com a vida. Seria essa perceção e a forma como processavam a informação que iria influenciar vários sintomas de Depressão. 

A obra "Terapia Cognitiva da Depressão" tornou-se no marco para a formulação da Terapia Cognitiva, fazendo com que Beck seja considerado o "pai da Terapia Cognitiva". 

Terapia Cognitiva é um modelo de terapia diretivo, tendo como base o Diálogo Socrático e a psicoeducação. Para a Terapia Cognitiva, esquemas são desenvolvidos logo desde o nascimento, sendo influenciados pelas interações com as figuras paternas significativas e, mais tarde, com grupos de pares. São esses esquemas que vão influenciar a visão sobre o Eu, o Mundo e o Futuro. Quando esses esquemas são distorcidos, esta tríade torna-se desadaptativa e a pessoa começa a ter pensamentos disfuncionais. Por sua vez, esses pensamentos vão influenciar as emoções e também os comportamentos. 

A Terapia Cognitiva é um modelo de intervenção breve e estruturado, sendo dos modelos mais eficazes para diversas perturbações. Essa eficácia tem sido demonstrada, ao longo dos anos, através de estudos controlados. A periodicidade costuma ser semanal, em sessões de 50 a 60 minutos, onde o terapeuta está sentado em frente ao paciente, sem qualquer obstáculo à comunicação. 

A Terapia Cognitiva tem evoluído, desde a sua primeira elaboração. Com a adição do comportamentalismo, passou a integrar a popular Terapia Cognitivo-Comportamental (CBT). Modelos mais integrativos têm assimilado algumas ideias e técnicas da Terapia Cognitiva. Alguns exemplos passam por Terapia dos Esquemas, Terapia Comportamental Dialética, Terapia Cognitiva com base no Mindfulness, Terapia Focada nas Emoções, Terapia da Aceitação e Compromisso, Terapia Cognitivo-Analítica, entre outras. 

A sua importância é de tal ordem que foi uma das bases para as chamadas Terapias de 3ª Geração.


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