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"Há um tempo em que é preciso recosturar, reformar, reavivar as nossas roupas usadas que tanto nos deram alegria quando novas e que hoje apesar de gastas continuam quentes, macias e confortáveis porque possuem o formato do nosso corpo. Não devemos esquecer nossos antigos caminhos só porque achamos que nos levam sempre aos mesmos lugares, devemos aproveita-los para encurtar a distância que nos levam a novos.
É tempo de travessia: temos que ousar em fazê-la para nunca ficarmos a margem de outros." (Fernando Pessoa).

O tempo é uma comunidade que nos habituamos a ter, algo com que podemos contar e contabilizar. 

Nem sempre o tempo foi contado da mesma forma. Povos antigos tinham formas diferentes de contabilizar o tempo, como Sumérios, Egípcios, Incas ou Maias. Para nós, podemos dividir o tempo em dois grandes momentos: Antes de Cristo e Depois de Cristo.

O curioso do tempo é que este também muda mediante o local onde se esteja. Por exemplo, quem estiver nos Açores tem menos uma hora que no Continente. Em Espanha, existe mais uma hora e se pensarmos no continente americano e asiático, a diferença ainda é mais pronunciada. 

Também estamos acostumados a medir o tempo por alturas do dia. Manhã, Hora de Almoço, Tarde, Noite, Madrugada... Termos que estamos mais do que acostumados. 

Temos, ainda, uma outra forma de medir o tempo e esta aquela que me irei centrar mais: Passado, Presente, Futuro.

Por Passado, entende-se um conjunto de momentos que já passaram, que ocorreram antes do presente. Desta forma, Presente é o que está a acontecer no momento. Então, Futuro é o conjunto de acontecimentos que vão acontecer depois do presente. Isto bem explorada daria uma cena metafísica bastante profunda!

Quando um paciente nos chega e começamos a ouvir a sua narrativa, o seu sofrimento, as suas dificuldades, podemos encontrar momentos em que a sua percepção temporal pode estar distorcida. Há quem viva numa Distorção Temporal, outros numa Regressão e sem dúvida, a chamada "indústria da felicidade" quer que vivemos numa Progressão. 

Em muitos momentos, emoções como o medo, zanga ou até tristeza, podem produzir pensamentos automáticos de auto-crítica, inferioridade, inveja ou egocentricidades que costumam durar bastante tempo. Parece até que demoram uma eternidade a passar. E depois momentos que remetem a felicidade podem passar num segundo. Para a pessoa que está em sofrimento, o tempo parece infinito.

Para pessoas que apresentam experiências traumáticas ou depressivas, a sua mente parece estar presa num reviver de um passado de dor ou até melhor do que o momento. O passado teima em não querer libertar a pessoa e a visão do futuro é nublada. 

E não podemos esquecer todos os elementos motivadores como "Coaches", "Mentores", "Gurus do Desenvolvimento Pessoal" e entidades quase esotéricas que nos incentivam a "Pensar Positivo", desejar a abundância e visualizar um futuro glorioso para que este se concretize!! Porque nós só temos de acreditar!! 

É importante olharmos para trás e vermos o que conseguimos aprender, o que conseguimos ultrapassar, as nossas conquistas e as lições que aprendemos. Guardarmos os nossos valores e as memórias dos momentos felizes e a expressão da nossa tristeza. Aproveitando os momentos e memórias especiais das pessoas significativas que nos deixaram, continuando a viver dentro de nós. No final, agradecermos a esse Passado e aceitar que ele faz parte de nós!

A filosofia Mindfulness traduz-se na Atenção Plena do Momento, aceitando incondicionalmente o que se está a passar sem julgamento, olhando com uma mente de principiante.  Estar-se presente no momento faz com que nos possamos conhecer melhor e estar com o Outro numa dinâmica diferente e profunda. Traz uma paz e um sentido de empatia diferente, especialmente para connosco próprios!

Vislumbrar as possibilidades de um futuro próximo (não certezas) faz com que a nossa visão do presente seja mais valorizada ainda. Para que um futuro se possa concretizar, o que fazemos no momento presente terá um impacto directo. Faz-nos sonhar e desejar, faz-nos preparar para o evitável e inevitável. 

O segredo para um bom equilíbrio psicológico reside na flexibilidade de alternância entre Presente, Passado e Futuro. Flexibilidade que podemos até aplicar em diferentes perspectivas como actores principais da nossa narrativa, como realizadores da nossa obra ou até como um observador curioso do que construímos. Todas elas sabendo que são momentos, momentos esses que têm um princípio, um desenvolvimento e uma conclusão. Quando nos centramos apenas num destes Tempos, podemos criar o risco de nos tornar rígidos perante a vida e focarmos demasiado a nossa atenção num ponto. 

Assim como o tempo é expansível, também a nossa atenção poderá ser! 

Expanda a significância da sua existência! 


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