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"A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar." Fernando Pessoa

Crítica... Essa palavra tão forte!

Cada vez que a ouvimos, parece que todo o nosso corpo e ser tremem em antecipação do que aí vem. Começa a gerar-se uma angústia só por saber que ela vem aí. 

Tal como as emoções, a crítica é um conceito que foi ganhando uma conotação indesejada e temida. Cada vez mais, a atribuição é que a crítica é negativa, pesada e destrutiva. Isso é apenas a metade de uma moeda. 

Criticar algo é fazer uma análise, examinando o seu conteúdo e apreciar as diferentes partes. Cada parte tem algo bem construído e algo que pode melhorar. Nesta perspectiva, o sentido da crítica é favorecer o crescimento e desenvolvimento de algo. 

Quando a crítica não segue este caminho, ela desenvolve o potencial para fazer mal. Este potencial pode vir de forma inconsciente, de forma distorcida ou de forma propositada. E quando ele chega, a crítica traz consigo sentimentos de incapacidade, falha, inferioridade e culpa.

Todos nós temos uma parte crítica que foi originada e desenvolvida com a nossa experiências, as nossas relações, a forma de vermos o mundo e os nossos "objetos" de ligação primária. Simbolicamente, pode ser representada por uma figura maléfica, uma voz interior, uma criança interior, uma figura parental... Representações não irão faltar!

Claro que o papel desta parte é reter o nosso desenvolvimento em direção da mudança, encontrando razões para ficarmos no mesmo ponto. Essas razões podem passar por medo, por proteger-nos de algo que já não faz sentido, por raiva, pela auto-destruição... Enfim, vários papeis que todas as principais teorias da Psicologia e Psicoterapia caracterizam. 

Esse lado crítico gera pensamentos de qualidade negativa, automática e junto com crenças e atitudes tendem a facilitar processos de desequilíbrio psicológico. Quando esse desequilíbrio atinge uma enorme frequência, intensidade e afecta várias áreas da nossa vida, podemos estar perante uma Perturbação. 

Dentro de estratégias que podemos utilizar, pensar criticamente sobre o pensamento crítico pode ser uma ajuda. Se se perdeu, não se preocupe!

O que me estava a referir neste trocadilho linguistico é um processo que dá pelo nome de Metacognição. Metacognição é a capacidade que um indivíduo possui de autorregular e monitorizar as suas cognições, ou seja, controlar os seus próprios pensamentos. 

Parece complicado! Bom, não vou mentir... Não é o processo mais fácil de fazer! Mas pode ser conseguido. 

Em primeiro lugar, é importante reconhecer os seus pensamentos. Estes pensamentos não são de fácil reconhecimento, devido rapidez com que surgem, pelo que chamamos de pensamentos automáticos. Mesmo esses pensamentos têm um determinado padrão, surgem com determinadas situações e em resposta a determinadas emoções. Se perceber esse padrão, conseguirá compreender esses pensamentos. 

Em segundo lugar, é importante a atitude com que você encara este trabalho. Como comecei por dizer, a postura crítica é uma postura que auxilia o desenvolvimento e crescimento de uma pessoa, tanto a nível pessoal como a nível profissional. Se olhar para esses pensamentos com uma postura de crescimento, vai alimentar o seu desenvolvimento e não fazer com que a sua parte crítica cresça mais. 

Em terceiro lugar, procure integrar outras perspectivas. Quais são as evidências para esses pensamentos? Poderão corresponder à realidade? Olhar para algo a partir de uma perspectiva diferente pode fazer com que você tenha uma imagem diferente. 

Eu acredito que o caminho para a integração é reflectir criticamente sobre um caminho, olhando para ambos os seus lados. Aquele que é bom e aquele que pode melhorar! Não apenas aceitar algo incondicionalmente sem reflexão, mas sim mantermos-nos abertos à discussão e ponderar no sentido do que está a acontecer. Isso faz com que possamos construir uma opinião forte e flexível, sempre abertos a experiência de aprendermos mais. 


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